E ai, imprensa? De que lado vocês estão?

Quarta feira, dia 20 de Fevereiro de 2013. Estádio Jesús Bermúdez, em Oruro, na Bolívia. Jogavam Corinthians e San José. O jogo transcorria normalmente, até que o Corinthians, que estava sendo derrotado até aquele instante, empata a partida. Vibração dos corintianos no estádio. Durante a comemoração, a torcida presente resolve levantar aquela bandeira que cobre a arquibancada. Nesse exato momento, um torcedor, membro da torcida uniformizada Gaviões da Fiel, dispara um sinalizador contra a torcida do San José, que atinge o jovem Kevin Espada, de 14 anos, que vem a falecer.

Na saída do estádio, doze torcedores corintianos são presos, acusados de participar, direta ou indiretamente, do incidente. A Confederação Sulamericana, de imediato, pune o Corinthians obrigando-o a jogar seus jogos de mando com portões fechados. A diretoria corintiana, de imediato, tenta suspender a medida imposta pela Confederação, sem sucesso. O time joga contra o Millionários da Colômbia num Pacaembu vazio.

Após o incidente e a prisão, a diretoria da torcida organizada aciona seu departamento jurídico, que informa que irá apresentar o responsável pelo disparo do sinalizador, um garoto de 17 anos, que teria comprado, além do disparado, mais dois sinalizadores na rua 25 de Março, conhecido local de comércio popular de São Paulo. Além disso, esse menor de idade, vindo de família humilde, conseguiu dinheiro para se deslocar de São Paulo para Oruro, numa longa viagem, e carregou esses artefatos sem que ninguém da torcida soubesse.

Uma história extremamente mal contada, com um fortíssimo cheiro de armação. As últimas cenas dessa ópera bufa consta que o tal menor receberá uma bolsa de estudos para cursar o nível superior numa faculdade, sem bem que o mesmo ainda nem terminou o segundo grau. Outras cenas constam que o consulado brasileiro estaria providenciando o aluguel de casas em Oruro para abrigar os prisioneiros corintianos. E para completar o “gran finalle”, o deputado Feldman, do PSDB de São Paulo, viajou para Oruro para tentar libertar os torcedores, que devem ser recebidos no escritório do torcedor mor do time com honras militares, salvas de tiros e homenagens de todo tipo.

Tudo isso está acontecendo com a total conivência e apoio da diretoria do Corinthians, que não mede esforços para resolver o impasse e ajudar os membros dessa torcida, tratados como se fossem gente de bem.

Quinta feira, dia 06 de Março de 2013. Aeroporto Internacional de Buenos Aires, saguão de embarque. Após a derrota para o Tigre, o Palmeiras se prepara para voltar ao Brasil. Os jogadores calmamente aguardam a chamada do vôo. Num determinado momento, cerca de 20 integrantes da torcida Mancha Verde adentram o saguão, para aguardar o vôo que também os traria de volta ao Brasil.

Um dos integrantes, de forma exaltada, encontra o jogador Wesley e passa a cobrar atitude do jogador. Nisso, outro integrante pergunta pela presença do jogador Valdívia que, uma vez localizado sentado à mesa de uma lanchonete no saguão, é perseguido, sendo agredido verbalmente. Nisso começa um quebra-quebra no saguão, sendo que o saldo são vidros e divisórias quebradas, mesas e cadeiras reviradas e um ferimento na altura da orelha do goleiro Fernando Prass, que acabou sendo socorrido no local pelo médico e pelo massagista do clube. Valdívia conseguiu se refugiar no banheiro, evitando o que poderia se transformar numa agressão sem precedentes.

Poucas horas depois do ocorrido, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, ao tomar conhecimento dos fatos, convoca uma coletiva à imprensa, onde deixa claro que não admitirá nenhuma atitude hostil por parte de qualquer tipo de torcedor e que as regalias, que já tinham sido diminuídas em sua gestão, por conta da contenção de gastos, estavam totalmente suspensas, até que os dirigentes dessa torcidas apresentasse os responsáveis pelas agressões e os expulsassem dos quadros. Foi veemente, direto e objetivo, dizendo que o Palmeiras não será transformado em refém de torcida organizada.

Agora, vem a pergunta... DE QUE LADO A IMPRENSA ESTÁ? A mesma imprensa que tanto bate contra as organizadas, que tanto pede ação do Ministério Público, da Polícia, dos dirigentes dos clubes, fica de que lado agora? Dos que forjam situações para acobertar atos violentos e assim garantir a audiência de seus eventos ou das pessoas de bem que repudiam tais atitudes de vandalismo e bandidagem?

Infelizmente, a imprensa no Brasil, salvo raras exceções, se curva diante do poder. Aceita passivamente a mentira deslavada, a arquitetura ardilosa de estórias para tentar convencer o povo que tudo não passou de um mal entendido. Ao mesmo tempo, ignoram a palavra de homens de bem, que querem resgatar a dignidade no futebol, que não admitem atos de barbárie, que não aceitam que crimes continuem sendo cometidos por marginais travestidos de torcedores.

Com a palavra, a imprensa...

Brilhante Netão!

Brilhante Neto, sem contar a insistência da Globo em mudar o crime e mostrar que o "di menor" foi quem disparou, quando as imagens mostram claramente que não foi, no último domingo, no Fantástico que mais uma vez trouxe o caso, um perito deu uma explicação pra lá de ridícula, mas, como ele é perito passa como "certa", ele indo totalmente na contramão dos seus colegas de profissão que mostraram claramente que um dos que estão presos, foi o responsável direto.
Mais crítico é, as matérias falando com os familiares dos doze detidos lá... Ser cúmplice deixou de ser crime, é o que a dona do Plim Plim quer repassar.
Os vândalos, seja da Gaviões ou da Mancha tem de serem postos como vândalos e não como torcedores, se faz o contrário, é cúmplice e a dona Globo mostra-se cúmplice dos bandidos da Gaviões.